Um dia desses estava escorado na janela de um hotel qualquer quando uma libélula pousou a poucos centímetros do meu braço. Na hora, eu não sabia ao certo se aquilo era uma libélula, ou uma cigarra, ou um inseto gigante qualquer.
Nunca soube, e os poucos segundos que perdi tentando classificar o bicho foram suficientes para que ele sumisse.
Bateu asas e escafedeu-se entre as árvores.
Tudo que eu queria era vê-la de perto, justamente para me certificar se o bicho em questão era cigarra, libélula ou “seja-lá-o-que-fosse”.
Se a necessidade de classificar uma libélula me rendeu o tempo em que eu poderia tê-la admirado, imagino o que me aconteceria se eu ficasse tentando classificar meus sentimentos.
Inclusive, me cansa ver por todo lado gente tentando diferenciar um sentimento do outro.
Se é amor, amizade, namoro, rolo, beijo, ficada, passatempo…
Não tenho a mínima idéia, e nem quero ter!
São inúmeras as espécies de relacionamento e a tentativa de classificar a todo minuto algo que, ás vezes, é simplesmente inclassificável pode resultar em muito mais do que uma oportunidade perdida.
Ás vezes, perdemos a noção de que cada minuto da nossa vida pode ser o derradeiro, de que cada ligação telefônica pode ser a última, bem como aquela pessoa, de quem você ainda não sabe se gosta, pode ser o seu último romance.
Lulu Santos pediu, a gente obedece:
“Hoje o tempo voa, amor
E escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
E não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo que há pra viver
Vamos nos permitir!”
O amor é uma libélula que pousa na nossa janela pouquíssimas vezes.
Corra atrás da sua libélula, sem medo de se machucar.
Viva o seu romance.
Viva o seu último romance.
Eu, se conseguir vencer o medo viverei o meu.
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